Culpa ou Consciência? O que você escolhe?

Tenho ouvido muitas pessoas falar sobre seus sentimentos de culpa em relação aos mais diferentes aspectos, como por exemplo não conseguir chegar no resultado, culpa porque não criou bem o filho, culpa porque deveria ter feito algo relevante e não fez, culpa por ter ficado doente, culpa por não ter feito uma boa apresentação, culpa por não ser o melhor no que faz etc. Esse sentimento de culpa invade o nosso dia a dia e é importante observar a relação deles com as escolhas que são feitas.

 

Mas, qual o conceito de culpa? Culpa é a responsabilidade dada à pessoa por um ato que provocou prejuízo material, moral ou espiritual a si mesma ou a outrem. É algo ilícito ou prejudicial e pode se dar no plano subjetivo, intersubjetivo e objetivo. A culpa consiste na omissão da conduta devida para prever e evitar danos, seja por negligência, imprudência ou incompetência. Exemplificando de maneira bem simples, é quando se derruba café no teclado novo do escritório e o primeiro impulso é olhar ao redor e se perguntar se alguém viu, tentar disfarçar e sair de perto, mas sentindo-se culpado pelo estrago. É quando se quebra um copo e logo vem aquela fala interna: que desastre você é!!!

 

Estamos em um mundo onde nos sentimos culpados a maior parte do tempo. Os pais se culpam o tempo todo por fazerem ou não algo pelos filhos, sentindo-se responsáveis por todas as dificuldades que permeiam a vida dessas crianças (que podem já ser adolescentes ou até adultos). Da mesma forma, a culpa vem quando um liderado não tem um bom desempenho… “contratei errado… não dei feedback suficiente… não orientei… “, são os fantasmas da culpa que aparecem. A falta de promoção, a demissão pela qual se passa, também gera um sentimento de culpa e de desesperança. Enfim, parece que em tudo que se faz ou não, pode aparecer essa sensação/ sentimento / pensamento de culpa.

 

E, pior, por vezes outros indivíduos nos fazem sentir culpados e embarcamos nessa culpa impingida por um terceiro. As pessoas podem falar de maneira crítica e punitiva: por que você fez isso? Por que você não conseguiu?

 

Será que não se pode pensar e agir de forma diferente?

A resposta é sim, desde que se utilize a consciência, tanto no momento das várias escolhas do cotidiano, como também na tomada de consciência perante os vários fatos que podem gerar a culpa.

 

Como isso acontece?

Em primeiro lugar, é importante entender o significado trazido pelos dicionários sobre consciência. Consciência é um ato psíquico mediante o qual uma pessoa enxerga a sua presença no mundo. É uma propriedade do espírito humano que permite reconhecer-se nos atributos essenciais. É uma apercepção de fenômenos externos e estados e processos mentais efetuada por um organismo. Para a filosofia, a consciência é a faculdade humana para decidir ações e assumir a responsabilidade das consequências segundo a concepção do bem e do mal.

 

Ficando com o conceito mais filosófico, entende-se por consciência algo que traz à tona uma situação, a qual nos responsabilizamos pelas consequências. Ou seja, traz a maturidade nas escolhas e na percepção.

 

Sendo assim, diferencia-se da forma como a culpa nos invade. A consciência é um pouco diferente, é aquela voz que diz assim: talvez você devesse avisar alguém ou tentar limpar isso, ou seja, eu que derrubei o café e vou fazer o meu melhor para resolver a situação.

 

Então, na realidade a culpa e a consciência caminham lado a lado, dependendo da forma que que se olha para o que se faz/pensa ou sente.

 

Utilizar a consciência significa perceber qualquer situação desagradável e resolvê-la. É a resolução de algo, é assumir a responsabilidade por aquilo que se fez, e resolver da melhor forma quando é possível. Se não, é aceitar, comunicar e lidar com as consequências.

 

Na culpa o sentimento é pesado e a solução fica retardada.

E as pessoas, de uma maneira geral, nos ajudam a manter esse sentimento, (há, mas você poderia ter feito diferente), (você já estudou tanto e ainda não aprendeu?), (quando eu te contratei pensei que você fosse um pouco melhor). Veja como isso é sério e como pode destruir a nossa autoestima. Isso mesmo: a culpa faz com que duvidemos das nossas competências.

 

Então, se você lidera pessoas, cuidado com o que fala, cuidado como se posiciona. Eu, como líder, de uma forma inconsciente, já fiz várias pessoas se sentirem culpadas.  Quando se culpa alguém, gera-se na pessoa culpa, que por vezes se transforma em raiva, que pode se transformar em agressividade explícita ou não. Aí vem a desmotivação e depois o baixo desempenho.

 

Assim, o que ajuda é a escolha pela tomada de consciência e olhar o erro como uma forma de crescimento, uma vez que errar é humano.  Não é possível transformar o passado, mas a consciência nos ajuda a lidar com o presente e aproveitar tudo que surge, como fonte de aprendizado.

 

Quando uma equipe pensa e se comunica de maneira aberta, a culpa acaba saindo de cena e vem a consciência, a responsabilidade e o comprometimento. Ou seja, a maturidade da equipe. Do contrário, surge a culpa e a reclamação, utilizadas, por vezes, como mecanismos de defesa.

 

Finalizando essa reflexão, culpa e reclamação nos levam à perda de tempo, a uma ação absolutamente ineficaz. Consciência e ação correta nos levam a um sentimento de empoderamento e maturidade. E você… fica mais na culpa ou na consciência? Reflita e, se necessário, transforme sempre que possível o sentimento de culpa pela tomada de consciência para a ação certa.

 

Profa. Dra. Fátima Motta

 

 

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