Expectativa e Ansiedade

Neste momento estou ansiosa, por duas razões: 

  1. Não sei se você vai gostar deste texto e gostaria que gostasse…
  2. Estou prestes a fazer uma viagem com o meu filho. Daqui a 4 horas o avião vai partir para Paris. Será que será boa a viagem? Será que vai dar tudo certo? Espero que sim…

E aí é que “mora o perigo” !!! A expectativa de que tudo dê certo, que as pessoas fiquem satisfeitas com o que se faz é o que gera a ansiedade que, de certa forma, é muito positiva, porque “as borboletas no estômago” ajudam a tornar os momentos mais intensos e nos dedicamos mais para que tudo aconteça da melhor forma possível. Por outro lado, se a expectativa é muito alta, a ansiedade pode se tornar negativa, paralisar-nos ou até mesmo fazer mal fisicamente, causando taquicardia, dores de cabeça, de estômago, ou vícios como roer as unhas, bater de pernas, piscar os olhos, entre outros.

Então, talvez se possa pensar que tudo começa com a expectativa. Se eu fizer esse texto, por exemplo e, simplesmente publicar, sem esperar nada e aceitar as reações que vierem, essa expectativa vai diminuir e eu posso me concentrar em fazer o meu melhor, deixando que a expectativa se concentre apenas naquilo que depende de mim.

Se eu me preparar física, mental e emocionalmente para dar o meu melhor nessa viagem, sem esperar nada, simplesmente aceitando o clima, as diversas situações relacionadas aos hotéis, aeroportos e aos momentos que serão vividos com o meu filho, com certeza a ansiedade diminui e vem um outro sentimento que é a felicidade e a gratidão por tudo que vier.

Mas, o que isso tem a ver com o mundo corporativo? Tudo!!!

Atendo todos os dias várias pessoas que falam de uma ansiedade incontrolável, que gera agressividade em alguns momentos, em outros paralisia mental, com consequências diretas à diminuição da autoconfiança e autoestima. 

Na maioria das vezes, quando o caso não é crônico e necessita de atendimento médico, a forma de lidar com esse mal do século, que é a ansiedade, passa por administrar as expectativas. 

Ansiedade antes de participar de uma reunião? Prepare-se fazendo o seu melhor e depois, apenas participe, sem esperar aprovações e aplausos, ou críticas e reprovações. Apenas participe com o seu melhor. 

Pode ser que, terminada a reunião, você perceba que poderia ter participado ou apresentado ideias de outra forma, diferente, que tivesse um melhor resultado. Fica a dica para a próxima!!! Nessa, você fez o seu melhor!!!

Isso vale para um assessment que precisa participar. Prepare-se com o seu melhor e participe!! Caso consiga a promoção esperada, comemore! Caso isso não aconteça, não fique na zona de conforto, procure ajuda e melhore o que ainda não está bom. Mas não desperdice tempo nem energia reclamando dos testes ou das pessoas, procure realmente aproveitar a experiência para se desenvolver e crescer.

Em processos seletivos, o raciocínio é o mesmo e, vejo que essa fórmula pode ser aplicada para várias situações. Quase todas!!! Até quando se está doente. A única coisa que você pode fazer é seguir todas as orientações médicas, acreditar que seu corpo está fazendo o melhor, para que o melhor aconteça e aceitar o tempo que o tempo tem para curar o que é necessário.

Ao escrever isso, penso também nas dores emocionais que tanta ansiedade causam. Acredito que a fórmula é a mesma. Entendo, também, que a ansiedade se agrava quando queremos controlar e dar conta de coisas que não estão nas nossas mãos, aquilo que depende do outro e, na verdade, nada depende unicamente de nós. Sempre há entrecruzamentos dos mais variados que podem auxiliar ou não o que temos como objetivo.

O mais importante dessa reflexão, pelo menos para mim, é que a ansiedade, assim como todas as outras emoções não é nem boa e nem má.  A diferença está na forma como lidamos com ela. Há muitos anos li um livro que recomendo: chama-se Perigo na Zona do Conforto, de autoria da Judith Bardwiick. Esse livro me ajuda muito a entender essa questão relacionada à ansiedade e à zona de conforto.

A autora fala que se não tivermos nenhuma ansiedade ao definirmos uma meta, por exemplo, dificilmente será realizada, porque não colocaremos a energia suficiente para que seja realizada. Aí temos o exemplo da importância da ansiedade, pois é uma emoção que nos tira da zona de conforto. Por outro lado, se a ansiedade for demasiada, segundo a autora, vamos para a zona do pânico e caímos no medo, o que também não é nada bom. Vemos, então, a ansiedade gerando resultados negativos. Mas, se ficamos muito tempo na zona de conforto, precisamos que algo nos gere uma ansiedade significativa para entrarmos no pânico e depois chegarmos a uma zona de ganho, que é o ideal.

Vou exemplificar: se uma pessoa ficou muito tempo sem estudar, sem se aperfeiçoar, sem viver nesse mundo complexo que vivemos, ou seja, se fixou-se na zona de conforto, precisa às vezes ser sacudida com uma demissão do emprego, por exemplo, que a leve para o pânico, para definir uma nova forma de agir e se posicionar, procurando formas de desenvolvimento e crescimento que mude a posição anterior e a leve de volta ao mercado de trabalho.

O ideal, então, seria que tomássemos consciência da ansiedade e da expectativa como grandes mestras para que possamos construir uma vida onde fiquemos na zona de ganho, dependendo da ansiedade positiva, que depositamos naquilo que conseguimos fazer com o nosso melhor, sem esperar dos outros o que depende só deles, mas também sem entrar em uma zona de conforto.

Bem, finalizado esse texto, deixo aqui algumas reflexões:

– Você é uma pessoa ansiosa?

– Será que sua ansiedade está relacionada com expectativas?

– Ou será que você está na zona de conforto?

– Ou talvez você seja uma pessoa que lida bem com a ansiedade?

De qualquer forma, se gostou desse texto, indique para outros, porque tenho certeza que, nesse momento, muitas pessoas estejam sofrendo com essa emoção mal direcionada.

Agora já chegou a hora e tenho que viajar!!!

Espero que tenha feito o meu melhor !!!

 

Fátima Motta

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