O grande desafio dos líderes é conseguir resultados e isso só se faz com pessoas, ou seja, por meio do relacionamento. Assim, podemos dizer que o foco em relacionamento é tão importante quanto o foco em resultados. Como, então, construir relacionamentos produtivos com as diferentes pessoas que fazem parte da equipe? E, ainda, como construir relacionamentos saudáveis com pessoas de diferentes gerações?
Discutir esse aspecto é de tamanha relevância, que nos impulsiona, em primeiro lugar, a trazer o entendimento do significado da construção de relacionamento, ou seja, a capacidade de criar vínculos por meio do processo de comunicação, direcionado a um foco comum. Confiança, abertura, empatia, flexibilidade, nutrição e sustentação do relacionamento são algumas das várias competências requeridas.
Então, o primeiro ponto de questionamento está relacionado ao próprio líder, se apresenta, ou não, essas competências, independentemente da equipe que coordena. Desenvolvê-las é o movimento inicial em direção a um bom relacionamento. No entanto, para isso, também é importante a observação das diferenças entre as pessoas, para que a construção dos vínculos seja efetiva. Entre as várias que poderíamos ressaltar, a diferença entre as gerações é bastante instigadora e vale a pena uma breve investigação. Hoje, o líder pode ser ou não da mesma geração que seu colaborador. Não existem regras. A única regra é observar as oportunidades presentes nas diferenças e transformá-las em aprendizado.
Como exemplo, líderes da geração baby boomer (1947 – 1965), quando coordenam profissionais da geração y (nascidos após 1978), têm o grande benefício de aprender com esses profissionais a rapidez, as vantagens da tecnologia, a facilidade para assumir riscos, a vontade de fazer. Por outro lado, esses colaboradores, quando se reportam a líderes baby boomers aprendem a desenvolver mais profundidade, qualidade na fala e na postura, calma na análise e foco em resultados sustentáveis.
Líderes da geração y aprendem muito com colaboradores baby boomers, com sua experiência e conhecimento armazenados e ensinam, conduzindo-os mais rapidamente a novos patamares de desenvolvimento, desafiando o status quo e direcionando-os ao novo.
Assim, tanto profissionais da geração y, como x (1966-1977), ou baby boomers podem ganhar com a troca, com a integração entre os diversos pontos de vista, desde que sejam alinhadas as expectativas e que as competências sejam muito bem identificadas e avaliadas para o resultado a ser alcançado.
No entanto, sabemos que existem problemas nesses relacionamentos. Por que acontecem? Seria possível enumerar vários aspectos, no entanto, os mais comuns são:
- Rigidez do ponto de vista (só o que penso está certo);
- Desqualificação do profissional pertencente à outra geração;
- Ritmos muito diferentes;
- Saudosismo;
- Dificuldade de escuta;
- Dificuldade com hierarquia e disciplina;
- Dificuldade em lidar com valores diferentes.
Para lidar com essas dificuldades, precisamos:
– mudar nosso modelo mental, a forma como percebemos o diferente. Ou seja, aceitar o diferente como complementar;
- Criar um modelo mental positivo da outra geração;
- Escutar ativamente;
- Entender as diferenças;
- Buscar pontos comuns;
- Construir objetivos em unicidade;
- Gerenciar as ansiedades dos que esperam respostas e crescimentos mais rápidos;
- Valorizar a capacidade de realização de cada profissional;
- Receber e dar feedback;
- Criar vínculos efetivos de construção.
Resumindo, diferenças de raça, sexo, religião ou geração, sempre estarão presentes nos relacionamentos, em especial entre líderes e liderados e o grande desafio, a sabedoria a ser gestada, é o da construção de relacionamentos saudáveis e produtivos, onde o positivo de cada um seja valorizado, complementando o todo, em um movimento de união de forças.
Fátima Motta é sócia-diretora da F&M Consultores.