Por Fátima Motta
Estamos na época das equipes disruptivas, das metodologias ágeis, onde processos são estabelecidos para o direcionamento dessas equipes. No entanto, um dos aspectos que não se trabalha nessas equipes e é fundamental que assim o façamos, são os laços emocionais que laçam, entrelaçam e dão os tão conhecidos “nós”.
Trabalhar em times exige muito além do espírito de equipe. Quando grupos de pessoas se unem no campo profissional, é natural que os problemas de cada um, bem como suas crenças, valores, ideologias e emoções, exerçam um papel importante no seu desempenho. Mesmo parecendo invisível, estamos falando de algo muito perceptível e que pode gerar uma série de impactos – tanto positivos quanto negativos – no ambiente corporativo: o lado emocional.
É justamente para esse aspecto que as lideranças devem direcionar sua atenção, principalmente durante períodos de instabilidade, como o que o estamos atravessando.
Ainda que a necessidade do trabalho em grupo esteja cada vez mais presente no cotidiano profissional, poucas são as empresas que conseguem, de fato, transformar suas equipes em times de alta performance. Isso porque estamos falando sobre pessoas que possuem as mesmas metas, no entanto, trazem para o coletivo componentes individuais relacionados à mente, ao corpo, às emoções e ao espírito. Qual a visão de cada um sobre aquele ambiente profissional e seus objetivos? Quais são seus motivadores?
A partir desses questionamentos, nota-se que há um caminho a percorrer. E podemos começar com base em três pontos fundamentais:
– a escolha por profissionais que estejam dispostos a compartilhar conhecimentos, ideias e experiências, não tomando somente para si o mérito de futuras conquistas;
– a transparência nos objetivos a serem alcançados e que os desafios, de fato, sejam encarados como um projeto a ser concretizado;
– liderança com perfil de transformação e com sensibilidade suficiente para engajar o time, além de prover os recursos necessários para o alcance do objetivo;
Fatores de suma importância, contudo, ainda insuficientes para atingir um nível de excelência no desempenho do trabalho conjunto. Soma-se, então, a esses pontos o aspecto emocional. O otimismo, a motivação, o comprometimento e a busca pelo sucesso do todo são indispensáveis para o alcance de resultados. Por outro lado, a inveja, o ciúme, a rigidez, a angústia, a decepção, o medo, a insegurança, a resistência e o estrelismo podem levar todo um projeto ao fracasso.
É preciso um olhar de lince para tornar explícito o conteúdo implícito do grupo. Aí está a grande diferença de um líder: enxergar, além da tarefa, toda a substância emocional que permeia o trabalho e a vida das pessoas.
Essa afirmação baseia-se no simples fato de que toda ação ou relação humana está carregada de conteúdos emocionais, que interferem positiva ou negativamente nos resultados que a pessoa ou um grupo pretende obter.
Quando esses conteúdos não são trabalhados de maneira adequada, parte da energia que deveria estar a serviço de determinada tarefa é usada para represar emoções e alimentá-las, construindo estruturas de defesa e “boicotes”. Se as pessoas não têm espaço para falar sobre seus sentimentos em relação àquela tarefa e aos integrantes do grupo, a energia utilizada para lidar com o medo, angústia, desespero, incompetência, intranqüilidade, ansiedade, raiva, tristeza e ressentimentos, torna a relação falsa e o trabalho improdutivo.
Diferentemente da psicoterapia em grupo – na qual é feita uma análise da vida privada dos membros e da sua intimidade emocional – neste caso, o foco está em avaliar as emoções relacionadas ao coletivo e à tarefa em questão.
Quando há possibilidade de um grupo explicitar o implícito, toda energia produtiva aprisionada para manter o implícito é liberada para ser usada na realização de determinada ação.
Na próxima parte deste artigo, será explicitado o que fazer para que o grupo se torne uma equipe verdadeiramente.
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