A Importância da Intenção na Comunicação

Gostaria de compartilhar com os leitores uma dificuldade que presencio quase todos os dias junto a líderes e a profissionais em geral: conflitos, desentendimentos e prejuízos à carreira em função de problemas na comunicação.

 

Frases como: “Eu não quis dizer isso” ou “É impressionante como ele(a) é agressivo (a)”, são muito comuns e acabam por destruir pontes ente as pessoas, executivos são avaliados como líderes inadequados por não conseguirem um bom relacionamento com sua equipe, profissionais se sentem desmotivados por terem que trabalhar com líderes que não se comunicam de maneira adequada e um mar de problemas minam a produtividade da equipe e transforma profissionais excelentes em problemas a serem resolvidos.

 

Como coach e líder, percebo que o problema tem várias facetas e, correndo o risco de ser superficial, vou trazer à tona, nessa matéria, apenas um aspecto que considero importante: a diferença entre a intenção e a comunicação. Nem sempre a intenção é igual ao que comunicamos. Queremos algo e falamos outra coisa. A fala sai impetuosa e impulsiva, vibrante e forte, porém completamente diferente do que se gostaria de dizer. Parece mentira que isso seja possível, mas assim é. Existe um caminho a ser percorrido entre o que queremos dizer e o que realmente dizemos e, por vezes, esse caminho é atravessado por vários aspectos da nossa personalidade, como por exemplo ansiedade, pressa, impaciência, raiva, medo, angústia, amor, felicidade, alegria e acabam por fazer um desvio significativo entre a intenção e a comunicação.

 

O que fazer diante disso? Primeiramente é fundamental que se pense antes de falar, que se traga à consciência o foco, o objetivo, o interesse que se tem. Algumas perguntas talvez ajudem:

 

  • O que eu quero dessa pessoa?
  • O que eu quero dessa conversa?
  • O que eu não quero dessa pessoa?
  • O que eu não quero dessa conversa?
  • O que tenho que evitar?
  • O que eu preciso alcançar?
  • Que tipo de conversa me aproxima dessa pessoa?
  • Que tipo de conversa me afasta dessa pessoa?

 

Outras tantas perguntas poderiam ser formuladas, mas o mais importante é planejar, é construir uma comunicação onde o interesse, a intenção seja igual ao que se fala. Em caso de dúvida é melhor calar. Responder só para ganhar espaço na conversa ou não ficar para trás não é uma postura adulta e madura. Às vezes, para responder a essas perguntas é necessário um afastamento, um olhar de longe para o objetivo, para a construção gerar uma comunicação que torne comum a ação. A partir desse afastamento, constrói-se o que deve ser falado ou escrito, de dentro para fora e não de fora para dentro. Ou seja, examina-se nosso interior, o que se quer do contato, seja presencial ou não e, como diria Ramy Arany (no seu livro Visão Gestadora), gesta-se o foco, a fala, a escrita, o que precisa ser comunicado.

 

Imagine quantas situações seriam mais facilmente resolvidas apenas tomando-se esse cuidado? Pois bem, experimente a técnica de alinhar seu interesse, sua intenção à sua fala. Esse é um dos princípios da Comunicação não Violenta, livro escrito por Marshal Rosemberg. Vale à pena pensar em tudo isso e praticar!

 

Profa. Dra. Fátima Motta
Sócia-diretora da FM Consultores
Professora do núcleo de Gestão de Pessoas da ESPM
Professora da FIA-USP

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