Já sabemos que autoconhecimento é sempre um desafio. É apenas tomando a real consciência
de quem somos é que podemos liderar uma equipe para a alta performance. No entanto, esse
desafio é ainda maior quando falamos de líderes que trabalham com seus filhos,
companheiros, parentes próximos ou amigos.
Sabe por que? Porque os papéis se confundem com muita facilidade, mas vamos entender
melhor como tudo funciona…. Quando nos relacionamos com alguém, parte do nosso “eu”,
das nossas características são disponibilizadas ao outro nas nossas interações, em função dos
objetivos e interesses desse papel.
Por exemplo, se estou iniciando uma conversa com um amigo, parte do meu “eu” direciona-se à outra pessoa, em forma de palavras, gestos, assuntos e demais comportamentos. Se, por outro lado, estou me relacionando com o meu filho, no papel de mãe, outra parte do meu “eu” se desloca para essa relação e é possível que a forma e conteúdo específicos mudem, porque outras características, comportamentos e interesses estão em jogo.
Esse mecanismo pode acontecer de forma absolutamente inconsciente, natural, ou podemos
nos dar conta desse processo, auxiliando-o para que não se caia no que Moreno chamou de
contaminação de papéis, na sua Teoria de Papéis. Ou seja, se não nos damos conta do papel
que precisamos vivenciar, podemos nos utilizar do papel que nos sentimos mais confortáveis.
Se, nos exemplos anteriores, eu me sinto mais confortável no papel de amiga do que de mãe, é
possível que eu me relacione como amiga, tendo dificuldades em dar limites e definir com
assertividade o que precisa ou não ser feito para o meu filho, ações tipicamente relacionadas
ao papel de mãe.
Imagine, então, o que pode acontecer com os papéis de líder e de pai, por exemplo, fato muito
comum nas empresas familiares. Em vez do pai, na empresa, se posicionar como líder, por
exemplo, pode contaminar seu papel de líder com o papel de pai e ter posturas típicas de um
pai, podendo “dar uma bronca”, ou tratar o filho ainda como dependente e com menor
competência. Ou, ainda, em casa, em vez de assumir o lugar de pai, continua discutindo os
assuntos da empresa, ou seja, fica no papel de líder e não assume o lado carinhoso, protetor e
orientador do pai.
O mesmo pode acontecer com maridos que trabalham com suas esposas, primos com tios,
primos entre si, amigos, entre outros.
Então, o que nos salva, mais uma vez, é ter consciência desse mecanismo e, mais do que isso,
saber exatamente nossas características pessoais, nossas forças e fraquezas, nossa
personalidade, nossa máscara social e nossa essência.
Esse é um trabalho a ser feito durante toda a vida de um líder, pois o autoconhecimento não
termina nunca. Sempre aspectos da nossa personalidade podem vir à tona de uma maneira
inesperada, manifestando comportamentos que podem ser trazidos por um inconsciente que
libera, de vez em quando, parte do nosso mais profundo “eu”,
Bom, mas de forma prática, quais dicas temos para que possamos nos conhecer melhor nos
vários papéis que desempenhamos?
A primeira dica é:
– Faça as seguintes perguntas a você mesmo em cada um dos papéis que você desempenha:
me deixa ansioso?
No papel de pai / mãe, líder, amigo(a), companheiro(a) etc…., como eu reajo quando sou
compreendido?
No papel de pai / mãe, líder, amigo(a), companheiro(a) etc…., como eu reajo quando sou
incompreendido?
No papel de pai / mãe, líder, amigo(a), companheiro(a) etc….,.., como eu reajo quando me
sinto feliz?
No papel de pai / mãe, líder, amigo(a), companheiro(a) etc….,, como eu reajo quando me sinto
triste?]
No papel de pai / mãe, líder, amigo(a), companheiro(a) etc….,…., o que me deixa ansioso?
No papel de pai / mãe, líder, amigo(a), companheiro(a) etc…., o que me deixa calmo?
Etc…..
– Anote as respostas e veja os aspectos que são semelhantes e os que se diferenciam nos
vários papéis.
– Peça feedback para as diversas pessoas do seu convívio sobre suas características mais
marcantes, tanto positivas como suas oportunidades de melhora.
– Anote todos os feedbacks recebidos.
– Preste atenção a todos seus comportamentos e identifique possíveis contaminações de
papéis.
– Assim que perceber, volte para o papel em que você precisa ficar, comportando-se de acordo
com as competências e características favoráveis ao seu objetivo.
Esse é um bom começo, no entanto há muito mais para aprender e trabalhar sobre você e sua
personalidade. Entender sobre o Eneagrama das Personalidade, é um bom começo. Você pode
encontrar um e-book sobre esse tema e, mais do que isso, participar conosco da nossa Escola
de Líderes e do curso sobre Autoconhecimento.
Venha participar e aprofunde-se em você mesmo!!!!