Pensamentos estão sempre presentes, a tal ponto que, por vezes, confundimos nossa mente com o que somos. Parece que todos os pensamentos são verdadeiros e sabemos que eles interferem nas emoções, que, por sua vez, determinam nossos comportamentos, mas os aceitamos como se fossem verdades absolutas. Esse é um grande problema que se vive nos dias de hoje. Na realidade, somos tomados pelos pensamentos, sem que haja discernimento e nem escolhas conscientes.
Em meu trabalho como mentora, atendi vários casos de líderes dominados por pensamentos que destruíam sua liderança. Por exemplo, um líder que pensava não ser bem-visto por seus diretores e nem por seus colaboradores. Esses pensamentos eram de tal forma torturantes que esse profissional fazia de tudo para não participar de reuniões com seu diretor e, quando ia conversar com seus liderados, já se munia de todas as armas para sair vencedor do ilusório combate. Ou seja, esses pensamentos o lideravam de tal forma, que seu papel ficava completamente prejudicado, levando-o a enfrentar problemas sérios na sua carreira, a ponto de precisar de apoio externo.
Outra situação bastante familiar é quando alguém recebe um feedback negativo e não consegue parar de pensar no que foi dito, nas possíveis consequências e os pensamentos rodopiam com tal velocidade na mente, que o sono não chega e, em seu lugar, prevalece a irritabilidade, a raiva, a tristeza, o sentimento de culpa e injustiça.
Não raro, encontro profissionais que fantasiam sobre seus pares, afirmando pensar o dia todo em como se vingar da ironia e das risadas que dão às suas custas.
Quanto tempo e energia que se gasta, pensando, imaginando inverdades, fantasiando amigos e inimigos, intrigas e amores, quando a realidade espera ser acolhida e recebida tal como ela é.
Ao refletir sobre as vezes que nos iludimos com nossos pensamentos e nos perdemos neles, coloco em xeque a capacidade de liderança. Ou seja, se não se tem a capacidade de liderar nossos pensamentos, capazes de gerar tantos problemas, como é possível liderar outras pessoas?
Os pensamentos são nossos, estão dentro de nós, portanto, supostamente deveriam ser mais fáceis de serem liderados, mas, às vezes são eles que lideram e dominam.
Assim, vale a pena questionar sobre a qualidade dos pensamentos que povoam nossas mentes e o impacto desses pensamentos nas emoções e nas ações do dia a dia. Todo comportamento está relacionado a um pensamento. Assim, para que seja possível a autoliderança o pensamento precisa ser liderado. Essa liderança do pensamento acontece a partir do foco e da determinação.
A partir do momento que o pensamento vagueia sem limites e sem objetivo, é como um balão que fica perdido no ar, ao sabor do vento que o leva para onde quer. E talvez não seja o melhor lugar, o que pode gerar comportamentos de insegurança, medo, angústia ou até de entusiasmo, alegria e visão deturpada, “rosa” demais, ou “escura” como o breu.
A consequência desse total descontrole pode ser a crença em um pensamento, de tal forma a agir com absoluta certeza perante uma situação, utilizando como base apenas um fragmento do todo. O pensamento considerado real pode ser uma ilusão ou mesmo um preconceito.
Como os pensamentos se formam?
Basicamente o tempo todo percebemos as situações, fatos, objetos e pessoas, através dos nossos órgãos do sentido: tato, olfato, visão, audição. Essa informação conduz a um pensamento, que, geralmente se conecta a uma memória emocional, que gera uma atração ou repulsa. Um perfume que lembra alguém agradável, pode favorecer sua compra, ou ainda uma imagem positiva de uma pessoa que está sendo entrevistada, por exemplo.
Decisões erradas podem ser tomadas. Portanto, um importante aprendizado para liderar os pensamentos é questioná-los. Não há como interrompê-los, porque podem vir de concepções internas (nosso inconsciente) ou de concepções externas, de forma consciente ou não. Associações, identificações acontecem o tempo todo e questionar os modelos mentais, avaliar o motivo pelo qual se pensa de uma forma ou de outra, é uma tentativa de liderar os pensamentos, tentativa essa que confere a possibilidade de alterá-los, trazendo-os para a realidade, para o momento presente. Ouvir a opinião de outras pessoas, ficar uns minutos em silêncio, respirar, também são técnicas que permitem que se dê tempo para o pensamento ser avaliado.
O domínio do pensamento permite mudanças de atitudes e de comportamentos e, com certeza, a possibilidade de uma liderança muito mais efetiva, uma vez que haverá maior reconhecimento do que não é real, maior clareza no foco e maior presença.
Um líder com domínio sobre o que pensa toma decisões melhores, comunica-se com clareza, lida com as emoções de forma inteligente e, ainda, consegue direcionar a equipe, sem se perder nos possíveis conflitos.
Entende a importância da mudança e se posiciona sem fantasias e sem medos. Aprende o poder do silêncio e da respiração, porque tanto um como outro, são ferramentas poderosas para que o pensamento não se torne verdade absoluta, distorcendo situações e fatos.
Líderes focados em resultados e pessoas conseguem estabelecer um equilíbrio na forma de pensar, de maneira a não serem levados por precipitações ou impulsos, que derivam de pensamentos sem liderança.
Aproveite esse momento para avaliar a qualidade dos seus pensamentos, a capacidade que você tem de pará-los, de observá-los e de questioná-los. Posso garantir que, para mim, a partir do momento que aprendi a observar e liderar meus pensamentos, consegui não ser prisioneira de fantasias e, viver com mais inteireza e integridade.
E é assim que percebo o crescimento dos líderes com quem trabalho.
Espero que você tenha gostado e este seja um artigo que te faça pensar.
Porf. Dra. Fátima Motta
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