Desapego… do que os Líderes Precisam se Desapegar?

Do que os líderes precisam se desapegar? Sempre que algo acontece na minha vida, tento aprender o ensinamento que vem acoplado. Há algumas semanas atrás, eis que aparecem alguns cupins em um armário onde ficava o arquivo morto da minha empresa. Imediatamente todos os documentos foram retirados e uma empresa especializada foi chamada para fazer o serviço de dedetização. Não é a melhor decisão, porque acredito que nós, seres humanos, não temos direito de exterminar outros seres, independentemente do tamanho ou espécie, mas, nesse caso, não tive outra alternativa.

E assim, ao tirar todas as caixas que estavam arquivadas, entrei em contato com histórias passadas e importantes, mas também com diversos papéis passíveis de descarte, mas que, para isso, eu precisava exercer o desapego. Era necessário abrir espaço para o novo. Entendi, então, de forma prática, o que tanto é fundamental fazer na vida: desapegar do velho para dar espaço ao novo.

Como estava mexendo em papéis da empresa, veio a pergunta: do que a liderança precisa se desapegar? E aí começa a reflexão…. A liderança precisa se desapegar da ideia de que as coisas não mudam, de que as pessoas não mudam, de que o mercado não muda. Claro que sabemos que tudo isso muda, mas é incrível como existe o apego a pessoas, a ideias, a formas de trabalho, a processos e a procedimentos. Uma coisa é o que se fala e outra coisa é o que de fato fazemos. Para alguns líderes, falar de mudanças é fácil, mas ainda é difícil ter a coragem de observar a ineficiência de um colaborador e decidir pelo seu desligamento. Também resistem a mudar coisas simples e outras mais complexas do funcionamento da área ou da empresa. Mudar dá trabalho, jogar fora o que um dia foi bom, também não é uma experiência simples, mas muito necessária.

Limpar rotineiramente o lixo mental que acumulamos dentro das gavetas do pensamento é uma arte. Assim, sem querer fazer uma lista interminável, do que se deve limpar, o ponto de partida é o desapego. Perguntar-se incansavelmente sobre os apegos que se tem, é um bom começo para avaliá-los, classificá-los e identificá-los a partir da sua real importância.

Há os que se desapegam tanto de tudo e de todos, que não criam histórias e não valorizam o passado como mestre. Por outro lado, há os que se apegam a fórmulas, fatos, histórias, pessoas, objetos, estruturas, procedimentos, de tal forma a não criarem espaço para “novos fatos, novas histórias, novas pessoas, novas estruturas e novos procedimentos.”.

Eu poderia ter jogado fora muita coisa do meu armário, antes que os cupins aparecessem, aliás, dizia sempre que precisava limpar, mas nunca criava coragem. De alguma forma, é o mesmo que se faz em algumas situações que teimamos em manter, mesmo sabendo que precisam ser higienizadas.

Fica, então, uma pergunta: do que você precisa se desapegar hoje, agora?

Coragem, vontade e trabalho são ótimos aliados para o exercício dessa limpeza que começa dentro de cada um de nós.

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