Para começar essa breve reflexão, olho para o dia e vejo um lindo céu azul, sol, uma temperatura amena e penso…. isso é ser feliz… a capacidade de contemplar, de sentir o calor do sol e a brisa…. valorizar o grande milagre da vida e, conscientemente me nutrir disso tudo enche meu ser de um sentimento gostoso, de um certo contentamento e graciosidade, a que eu chamo, felicidade.
Esses mesmos elementos, o céu azul, sol, brisa podem não significar nada ou até gerar comentários como…. Que calor infernal!! Parece que nem vento tem!! Quantos pernilongos que esse calor trás!!!! E com um dia como esse, ainda tenho que trabalhar!!! E assim é a nossa construção diária. Elementos, fatos, situações estão à nossa disposição e cabe a cada um de nós interpretá-los, percebê-los e nos apropriarmos dessas ações mentais que certamente influenciarão nossa vida no seu aspecto mais cotidiano.
O que quero dizer com isso é que a nossa mente determina a possibilidade de sermos felizes ou infelizes. Schawn Achor, no seu livro O jeito Harvard de ser feliz, cita a seguinte frase de John Milton, autor do livro Paraíso Perdido, que resume este pensamento: “A mente é um lugar em si mesma, e em si mesma pode fazer do céu um inferno, e do inferno, um céu”.
Esse livro foi escrito há mais de 300 anos e parece que ainda não descobrimos o enorme poder da mente em simplesmente perceber situações de forma positiva ou negativa. Acredito até que muitos dos leitores que chegaram até esta parte do artigo estejam pensando que é mais alguma coisa de autoajuda que estão cansados de ler. Sinto informar que não se trata de autoajuda, mas de uma discussão muito séria, de uma tomada de consciência profunda dos modelos mentais que estamos sempre a nutrir.
Para isso, é necessário desenvolver uma profunda consciência sobre o que se pensa. Como se em tempo integral pudéssemos vigiar nossos pensamentos e prestar atenção na sua qualidade. Pessoas que são sempre bombardeadas com noticiários violentos têm a tendência de assumir menos riscos, de ter mais medo da vida, porque sua mente fica impregnada de informações pesadas. Então, o contrário também é verdadeiro. A construção mental de uma atividade ajuda na sua execução real, ou seja, dependendo da forma como eu penso sobre uma atividade diária, seja qual for, vou ter maior ou menor sucesso.
Um exemplo muito interessante é colocado no livro de Schawn Acor, já citado: foi feito um experimento com camareiras por Ali Crum e Ellen Langer, onde informaram a uma parte delas valores de calorias que queimavam fazendo seu trabalho, ou seja, arrumar, limpar e lavar teve um significado tão poderoso quanto uma sessão de ginástica. Para a outra metade das camareiras nada foi dito. Ao final do experimento, descobriram que as camareiras que foram predispostas a pensar no trabalho como um exercício físico perderam peso e sua taxa de colesterol diminuiu. Essas pessoas não trabalharam mais, ou fizeram horas extras. Continuaram a exercer suas atividades exatamente da mesma forma. O que mudou foi a forma como o cérebro passou a pensar no trabalho. Ou seja, como diz Achor, “a construção mental das nossas atividades diárias, mais do que a atividade em si, é que define a nossa realidade”.
Talvez para que nosso cérebro possa dar mais credibilidade a tudo que estou trazendo, informo que esses pesquisadores são de Harvard e que todos esses estudos são feitos e trabalhados nesse local de excelência. E aí, em Harvard, descobriu-se, com vários experimentos, estudos e pesquisas, que as pessoas felizes têm sucesso e não o contrário, quem tem sucesso é feliz. O que vem primeiro é a felicidade. Pessoas felizes pensam mais largamente, são mais criativas, enfrentam com mais entusiasmo os obstáculos, estão prontas para seguir adiante, mesmo depois de uma crise, são mais resilientes e por isso conseguem alcançar o sucesso mais facilmente do que outras que não cultivam a felicidade.
Claro que existe um caminho para se construir essa felicidade, mas, como mais uma pílula, somada a da reflexão anterior, gostaria de convidar o leitor que, nesse momento, para começar, colocasse sua atenção naquilo que pensa, desde o momento em que acorda até o momento em que se deitar. Pergunte-se sempre: qual a qualidade dos meus pensamentos? Eles me levam à felicidade ou a outro sentimento?
A partir dessa reflexão comece a construir sua felicidade. Construa conscientemente seus pensamentos antes de uma reunião, antes de um encontro com os amigos, antes de uma aula, antes da apresentação de um projeto. Traga o positivo, o propósito sincero que permeia a atividade, analise a forma como você enxerga as várias situações em que se envolve cotidianamente e trabalhe no positivo de cada uma delas, conscientemente. Talvez você se surpreenda com os resultados. Parece simples, mas é nas coisas simples em que reside nossa capacidade de construir nossa própria felicidade.
Tente e não esqueça da reflexão anterior, que falava da importância da natureza como fonte de nutrição para nossa felicidade.
Nos próximos artigos, continuamos a conversar sobre felicidade!!!
Profa. Dra. Fátima Motta