Reflexões Sobre o Carnaval de 2015

Carnaval é uma festa, para nós, brasileiros, imperdível, deliciosa, colorida, animada e parece que o ano não começa antes dela. Música, cores, sabores, movimentos, sorrisos, corpos animados, esperanças, desesperanças, enfim um sem número de entrecruzamentos acontece nessa época.

 

Eu sempre gostei de ir a clubes, já desfilei na Avenida, já tomei chuva desfilando, já vi desfiles no Sambódromo do Rio e de São Paulo, ou seja, posso dizer que aprecio a festa e o todo que a envolve.

 

Neste ano, a opção foi passar um Carnaval diferente, em São Paulo, em casa o que me propiciou fazer uma reflexão que gostaria de compartilhar. Percebi com nitidez que a maior parte dos temas das Escolas de Samba refere-se às maravilhas do Brasil, suas terras, seus mares, suas florestas, seus animais. Falam também dos negros, dos índios, exaltando-os e reconhecendo seu valor.

 

E aí, eu me perguntei sobre quantas pessoas que assistiram aos desfiles ou que desfilaram, escutaram e viram realmente o que era apresentado. Ou seja, além da roupa ou pouca roupa dos figurantes e do ritmo da bateria que dispara o coração dos mais reticentes, toda simbologia nos leva a algo que parece muito distante, muito mais profundo. As escolas de samba celebram a vida, a alegria e trazem a natureza e o respeito ao diferente como o abre-alas de todo Carnaval. Se prestarmos realmente atenção, talvez nos questionemos como é de fato nossa relação com a mãe natureza, qual o respeito que temos com toda criação, com cada planta, com a mata, com os animais, com a água, com o ar, com o fogo, com a terra, enfim, com o universo.

 

Lá no fundo do nosso coração, ficaríamos incomodados ao pensar sobre a real conexão que temos com essa mãe que nos nutre incansavelmente ou teríamos uma sensação confortável por estarmos bem com nossa consciência? Mais interessante ainda é que alguns que não vão para os salões ou para as avenidas, disparam para praias ou montanhas, buscando restaurar-se das agruras da cidade. E então, será que se conectam à natureza ou, ao invés de reverenciá-la continuam no seus uso e abuso, no eterno poluir de lixos dos mais variados, desde o sonoro, até as incontáveis latinhas de cerveja, sacolinhas plásticas etc.

 

E ainda falando dos temas das Escolas de Samba, do negro, do índio, da diversidade sendo glorificada como um dos nossos diferenciais como povo, também aí talvez se tenha um ótimo dever de casa a cumprir: como se lida com o que é diferente? Cor diferente, raça diferente, pensamentos diferentes, competências diferentes, ritmos diferentes. Qual o nível de complementaridade que realmente existe e praticamos ou a intolerância que vivemos?

 

Foram essas as perguntas que me fiz, enquanto assistia a linda Portela, que ostenta aquela águia maravilhosa. E só para terminar, o que a águia significa mesmo? O que ela nos ensina?

 

Bom, para uma terça de carnaval, a reflexão foi longe demais. O resto é com cada um!!

 

Fátima Motta – Sócia-diretora da FM Consultores

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