A Importância da Presença

Desde o dia 13 de setembro, uma sexta-feira, tenho aprendido muito… com um gato …. de pelos e bigodes, preto, de grandes olhos verdes, chamado Pompom. O leitor deve estar achando estranho um artigo sobre liderança que fala de um gato. Pois é, mas é isso mesmo… um artigo sobre liderança onde um gato é quem dispara o processo de aprendizagem. Vamos lá, então, para as explicações.

 

Infelizmente, ainda há pessoas que utilizam animais em rituais e isso acontece principalmente com gatos pretos e, em especial, quando as sextas-feiras caem no dia 13. Sendo assim, como sou parte de um grupo de pessoas que cuida de gatos que vivem em um parque de São Paulo, nesta sexta, 13 de setembro, como forma de proteção, levei um desses gatos pretos para a minha casa, um gato chamado Pompom.

 

Há mais de um ano que esse gato é uma das minhas paixões, o que tornou muito difícil a decisão de devolvê-lo ao parque no final de semana seguinte, passado o perigo do dia 13. Foi exatamente dessa dúvida que iniciou o processo de aprendizagem. Eu tinha muitas dúvidas se o melhor para ele era ficar protegido numa casa, ou livre em um parque. Precisei, então, observá-lo muito atentamente, entender quais suas características e me dei conta do quanto precisava “ser” presente para conseguir essa compreensão. Percebi, também, como é difícil dedicar tempo, energia e vontade para entender o outro com os olhos dele.

 

Lembrei, então, das várias vezes que ouvi observações de profissionais sobre o quanto se sentiam pouco compreendidos, como se fossem estranhos para o próprio líder. Sentiam que decisões eram tomadas apenas com um conhecimento superficial, sem o real entendimento do líder sobre características essenciais dos seus colaboradores.

 

Unindo minha experiência prática com o que sempre ouvi de profissionais, aprendi que, para conhecer a equipe, é fundamental estar junto, ser presente, observar o que é importante para cada um, o que cada pessoa quer, suas facilidades e dificuldades. Ou seja, entendi que não basta perguntar, é fundamental observar, sem filtro, cuidando para que os modelos mentais não interfiram. Para isso, precisamos “ser” e “sermos presentes”, o que significa dedicar tempo, prestar atenção, “ligar” todos os sentidos, audição, tato, visão, olfato e a intuição. Ouvir mais e falar menos. “Ser” presente em tempo real! Utilizar-se do benefício do silêncio para a perceber melhor.

 

Que tremendo desafio esse, em um mundo onde tudo é virtual, superficial e fragmentado! Mídias sociais, telas retangulares, pressão por resultado, stress, ansiedade, palavras que se unem para nos separar do tão simples “olhar” e “ser”. Vale, nesse sentido, pensar quanto somos presentes em todos os relacionamentos, seja no que tange à vida profissional, social ou familiar.

 

Nesse processo, sem dúvida alguma, aprendi muito mais, e pretendo compartilhar com os leitores nos próximos artigos. No entanto, esse primeiro aspecto, sobre a importância da presença, é bastante significativo e promove reflexões importantes, que transformo em perguntas para o leitor:

 

– Você é presente naquilo que faz e com as pessoas com as quais se relaciona? Ou seu corpo fica em um lugar e sua mente e emoções em outro? Será que a ansiedade e preocupações distanciam você dos seus colaboradores? E da sua família? Será que você é presente com seus filhos, pais e companheiro (a)? Ou será que leva o Ipad, o laptop, o Iphone para a mesa e para a cama?

 

– Você conhece, de fato, as pessoas com as quais se relaciona? Conhece seus colaboradores, seus sonhos e anseios? Conhece seus filhos, pais e companheiro (a)?

 

Tomara que essas reflexões tragam aos leitores a possibilidade de “ser” mais “presente” e receber o “presente” de “ser”.

 

Profa. Dra. Fátima Motta
Sócia-diretora da FM Consultores e professora do Núcleo de Pessoas da ESPM

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