Nossos objetivos devem ser baseados no propósito e no conteúdo do que realmente desejamos em nossas vidas. Neste percurso, porém, por vários motivos – dependentes ou independentes de nossa vontade – nos vemos diante de mudanças. Em muitos casos, difíceis.
Não raro, a mudança vem acompanhada de sentimentos como confusão, resistência, estresse, ansiedade e, em algumas situações, fracasso.
Por que as pessoas, normalmente, chegam ao extremo de uma situação, com muita dificuldade, para só então iniciarem um processo de mudança? Por que nós não conseguimos mudar aquilo que nos incomoda? Por que não conseguimos que alguém do nosso lado mude frente a determinadas situações? E, ainda, por que mesmo com vários feedbacks as pessoas não mudam?
Por que algumas vezes conseguimos mudar algo facilmente e outras vezes demoramos muito para nos decidir?
Se não temos consciência do nosso modelo de funcionamento, é como se ficássemos dirigindo o tempo todo um carro desgovernado. A emoção negativa pode nos levar a pensar sobre tudo o que não estamos fazendo, sendo um combustível ruim para mudanças genuínas e duradouras.
Todos nós temos a tendência de permanecer no que está bom, no que está gostoso, mais confortável. Por outro lado, esperamos que “o outro” mude, já que normalmente atribuímos a culpa a ele.
E por que isso acontece? Porque o jeito de antes estava mais agradável e, por isso, voltamos a fazer exatamente o que fazíamos lá atrás.
Assim, a vantagem e a vontade tornam-se dois pilares básicos da mudança, já que existem vários hábitos dos quais não queremos nos desapegar. Eis a zona de conforto. A mudança nunca se resume em apenas uma coisa: ela demanda várias ações, recursos e acontecimentos conectados. Dificilmente uma mudança pode ser sustentada se não fizer parte de um processo.
Mas, como tudo começa dentro de nós, uma pessoa só muda se ela realmente quiser.
A filósofa Lúcia Helena Galvão fala que a mudança nada mais é que a força de vontade, sendo que o símbolo da vontade, neste caso, é uma espada, com base na mitologia do Rei Arthur, na qual a Dama do Lago entrega a espada e ele coloca acima do lago. Então, a vontade está acima das coisas mais mundanas.
Assim, quando propomos uma mudança, precisamos saber qual é o patamar que estamos tentando alcançar, aonde queremos chegar e qual é a nossa força de vontade. E força é diferente de esforço. A força é algo que você coloca quando foca em um determinado objetivo, com certa constância de disciplina, fazendo com que a mudança aconteça com mais facilidade.
Por que, às vezes, não conseguimos fazer uma mudança tão fácil? Porque geralmente dependemos de outras coisas, como por exemplo, habilidade. Tanto a força de vontade quanto a habilidade são fatores internos.
A mudança está, em geral, ligada aos conceitos pessoais e à vontade individual de vencer barreiras.
Mas, então, podemos questionar: qual é a vantagem da mudança? Se eu não conseguir perceber qual a minha vantagem na mudança, simplesmente não consigo mudar. Quando falo em vantagem tenho que falar sobre o ponto de vista da outra pessoa e não, apenas, sobre o meu ponto de vista.
O apoio que podemos receber ou não de outras pessoas é fundamental nesse processo. Quando estou em uma sociedade que apoia a mudança, tenho o alicerce de que preciso para tal realização. Caso, fica muito mais difícil, pois somos seres que sempre precisamos de apoio.
As mudanças externas podem não durar por um longo tempo, ao passo que as mudanças internas tendem a ser mais sustentáveis. Daí a importância do acompanhamento de profissionais nas áreas de coaching, treinamento, psicanálise, que descortinam aquilo que, de fato, precisa mudar.
Existem mudanças mais fáceis de serem colocadas em prática, pois estão alinhadas aos nossos valores e propósitos, estimulando de maneira positiva nossa força de vontade. Ou seja, minha parte interna se movimenta mais, pois diz mais a minha alma ao meu coração.
Como lidar com os medos?
Há três medos que rondam o processo de mudança: medo de ser ignorado, medo de ser rejeitado e medo de não ser aceito.
Situações muito próximas ao que estamos vivendo atualmente: medo de como vamos lidar com nossas relações pessoais e profissionais; medo da rápida transformação da tecnologia; e tantos outros que nos impedem de enxergar o que essas mudanças podem trazer de bom para o futuro.
Porém, devemos estar cientes de que, para algumas pessoas, a mudança externa traz algo interno que precisa ser mexido. Quando isso acontece, elas precisam aflorar sua força de vontade aos poucos, mas com a certeza do sucesso.
Devemos estar sempre cientes de que, muitas vezes, quando reclamamos muito de outras pessoas, tem a ver com nossas próprias necessidades de mudança.
É difícil buscar a mudança em outra pessoa. Temos que fazer as mudanças a partir de nós mesmos, olhando para nossa força de vontade, para a vantagem e para nossos próprios medos. Colocar a mudança em um outro patamar, entendendo qual a vantagem dessa mudança para a humanidade. A partir do momento que melhoramos, tudo ao nosso redor também melhora.
Além do pensamento positivo no processo de aceitação da mudança, é preciso: ter calma e cautela, traçar um plano de ação, manter o foco sempre, admitir o medo e, ao se identificar com essas questões, refletir, fazendo dessa reflexão uma chance muito maior de sucesso e evolução.
Profa. Dra. Fátima Motta
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