Resolvi escrever esse artigo com o objetivo específico de dar uma contribuição para esse momento tão delicado que estamos vivendo, e, também, para contrabalancear com as notícias que recebemos a todo momento, nem sempre positivas.
Vou detalhar aspectos individuais de como nós, de uma maneira geral e específica, lidamos com as crises. Elas não acontecem uma vez na vida, sofremos crises constantes, quase o tempo todo e precisamos lidar com elas de uma forma que aprendamos seu propósito.
Como mostra o estudo do Eneagrama, instrumento importante para a jornada do autoconhecimento, existem vários tipos de personalidades que lidam com as crises de formas diferentes. O Eneagrama é uma ferramenta que descreve as diferenças individuais, facilitando a exploração do reconhecimento de nossas características.
Nossos modelos mentais são constituídos por experiências, histórias de vida e situações diversas que impulsionam a respostas das mais variadas. Por isso, cada pessoa pode reagir a uma crise de forma totalmente diferente da outra.
Mas, o que gera essa reação? Através do estudo do Eneagrama, sabemos que existem pessoas mais racionais, outras emocionais e outras instintivas, direcionando todos para formas diferentes de reagirem às diversas situações que surgem na vida.
Assim, usando como base o Eneagrama vou discorrer como cada um dos tipos agrupados nos centros energéticos – instintivos, emocionais e racionais – agem e reagem a partir da crise.
Para quem não tem conhecimento do Eneagrama, deixo aqui um link para baixarem um ebook que explica cada um dos tipos: https://fatimamotta.com.br/landingpage/e-book-eneagrama
Então, começando pelos instintivos, como reagem a uma crise? Fazem parte desse grupo os indivíduos dos tipos 8, 9 e 1, conhecidos pelos apelidos de Chefe, Harmonizador e Perfeccionista, respectivamente.
O tipo 8 tem o poder de fazer inspirar as pessoas a caminharem junto com ele, são assertivos e apaixonados pela vida, conseguem fazer as coisas acontecerem, gostam de ajudar e a prover as vidas das pessoas. Esse tipo gosta também de assumir grandes desafios pois tomam decisões duras e resistem quando as coisas dão errado. São apegados à força e ao poder e estão acostumadas com a liderança. Por todas essas características, nesse momento de crise devem se colocar na posição de transmitirem boas ideias, notícias que tragam esperança, elevar o astral das pessoas e fazer com que elas tenham um posicionamento mais positivo diante da situação. Se o tipo 8 tiver uma ação negativa ou positiva diante de uma situação, pode impactar de forma negativa ou positiva no comportamento das pessoas. É uma grande responsabilidade para o tipo 8 de agir para o bem de todos.
O tipo 9 é uma pessoa procura a paz, o bem comum e harmonização. Tranquila, é mediadora e bastante adaptável. Mas, em momento de crise sofre muito, pois não gosta de conflitos podendo, às vezes entrar em depressão. O tipo 9, em situação de crise deve se colocar em ação, fazer o melhor e não se recolher. Não entrar em letargia. É o momento de ser um servidor, de se colocar a favor dos outros, de manifestar sua energia em ação, e ser um grande mediador. O tipo 9 deve sempre trazer paz para qualquer situação de crise, pois tem competência para agir.
O tipo 1 é exigente, tem senso prático, alto nível de exigência, organizado e pacífico, mas se irrita demais com desorganização. É crítico e perfeccionista. O tipo 1 neste momento de crise pode auxiliar para que as normas e procedimentos sejam seguidos. Pode também aproveitar esse momento para sair da rigidez que se impõe, minimizar a rigidez dos padrões, levar leveza para as relações.
Os tipos instintivos, como percebemos, têm a grande missão de instintivamente cuidar de si e dos demais que fazem parte das suas relações próximas e distantes.
Já os tipos emocionais são as pessoas que apresentam as personalidades dos tipos 2, 3 e 4, cujos apelidos são: Doador, Desempenhador e Romântico, respectivamente.
O tipo 2, assim como o tipo 9, tem a tendência de colocar os outros em primeiro lugar. São prestativas, gostam de ajudar, pois precisam ser amadas pelos demais, tendo como principal característica a doação. Dificilmente gostam de receber ajuda, mas podem se doar para pessoas que estão de fato precisando. São generosos, prestativos e envolventes. O tipo 2, numa crise, deve doar seu tempo para ajudar as pessoas, praticar a meditação, doar sua atenção, carinho e reconhecimento para quem está precisando, sem esperar reconhecimento, apenas entregar o melhor que tem.
Já o que o tipo 3 pode fazer em um momento de crise é aproveitar esse tempo para colocar o pé no breque, ter fé e não fazer muitas coisas ao mesmo tempo, como se tudo dependesse apenas das suas ações. Precisa acreditar que tudo vai acontecer da melhor forma possível. Essa fé do tipo 3 é importantíssima, pois a grande preocupação desse tipo é o que vai acontecer depois, qual o resultado. O tipo 3 deve enviar paz para todos em sua meditação, colocar-se a serviço dos que realmente precisam e entender que o seu desempenho não precisa ser algo palpável, concreto, mas sim uma boa palavra ou uma boa intenção, seguida de uma ação sem interesse pessoal, mas olhando o todo.
O tipo 4, o romântico, tende a ser muito intenso, tanto para os sentimentos positivos como para os negativos, bastante emotivo, por vezes é individualista, pode ficar preso em 2 situações, no passado ou no futuro. Por outro lado, pode se preocupar muito com os outros, sensível, gosta de se doar mas precisa ser reconhecido por suas ações. Esse é o momento em que o tipo 4, por ser sensível ao ambiente, pode ajudar enviando mensagens de paz, esperança, de amor, levando boa energia a todos. Precisa aproveitar esse momento para não ficar preso no seu egoísmo, mas sim de se doar totalmente a quem realmente precisa, sem esperar nada em troca. Sendo o seu melhor, reconhecendo sua força, sem precisar que outros a reconheçam para disponibilizá-la.
Os tipos emocionais tendem a sentir tristeza em momentos de crise e é desse sentimento que precisam se distanciar, cultivando a fé, a alegria e a esperança.
Já os tipos racionais, tendem a buscar fatos e dados nos momentos de crise, para lidar com o medo que sentem, emoção central das pessoas com esse tipo de personalidade. Os tipos mentais são o 5, 6 e 7, conhecidos como Observador, Cético Leal e Epicurista, respectivamente.
O tipo 5 é observador, intelectualizado. É uma pessoa que está sempre buscando as explicações das coisas e não se permite expressar seus sentimentos. Exigente, sistemático e auto suficiente, gosta de se isolar, e, nesse momento de crise, pode ficar ainda mais isolado. No entanto, tudo que não deve e nem precisa fazer é se isolar. Por ser muito ponderado, pode ajudar compartilhando informações que passem tranquilidade às pessoas, ajudando-as a serem mais racionais e saírem desse ambiente de medo, de estarem mais presentes em todos os momentos dessa crise, com fatos e dados que apontem não só para o quadro pessimista, mas que tenham ponderados todos os lados e, ao mesmo tempo, que comece a ser planejado um futuro promissor.
O tipo 6 é questionador, crítico, atento e desconfiado, ansioso e realista, Por ser precavido, pode ajudar os amigos, a família a tomar medidas preventivas durante a crise. O que é fundamental para o tipo 6, nesse momento, é evitar o negativismo e pessimismo, cuidando de suas palavras e ações, para que transmita coragem, a partir de sua racionalidade e criticidade. Para isso, precisa sair da zona de medo e enfrentar seus fantasmas. Pode também ajudar, mostrando para as pessoas quais são os “planos b”, não com coragem, força e confiança!
E ,por fim, o tipo 7, bem-humorado, otimista, criativo, divertido, sempre em busca da felicidade. Na pior das crises, com medo que algo de pior aconteça, tende a negar a gravidade da situação. Pode ajudar muito trazendo leveza ao momento, otimismo e um olho bom para a crise. Por outro lado, pode dar um tom superficial ao que é sério. Essa é a oportunidade para o tipo 7 ir para o tipo 1 (caminho da flecha) e colocar o pé no chão, sustentar o foco no que precisa ser feito, com ordem e organização, agindo diretamente nos cuidados, procedimentos, processos, sem ilusões, garantindo a segurança sua e das pessoas que ama. É aproveitar a crise para fazer dessa situação um momento produtivo, de aprendizado. Voltar-se para dentro de si, entendendo que precisa planejar e agir objetiva e produtivamente.
Finalizando, entendo que toda crise é um grande momento de aprendizado, individual e coletivo e essa crise pela qual estamos passando é um presente, apesar da dor, da perda e das preocupações que inevitavelmente traz. Infelizmente podemos aprender pelo amor ou pela dor e agora estamos observando a necessidade de transformação, de ajuda mútua, de sintonia com o universo, com a natureza e, principalmente, da mudança de paradigmas. Assim, que cada um de nós, independentemente da personalidade, coloque-se a serviço, simplesmente isso:
Coloquem todas suas competências “a serviço” de valores e ações dignas de líderes com propósitos de transformação.
Profa. Dra. Fatima Motta
Total de 1.948 visualizações até a data de 23/01/2023