Sempre me fazem essa pergunta e eu resolvi fazer algumas reflexões sobre este tema.
Tudo na vida tem um preço e às vezes aceitamos alguns presentes, sem ter ideia do que precisaremos pagar por eles.
E assim é com a liderança. Aceitamos a função de líder, sem conhecer exatamente o que teremos que arcar como contrapartida.
Há algum tempo, ser líder significava mandar e esperar que os outros obedecessem. O dono da empresa definia o que queria e como queria que cada coisa fosse feita e entregue. Era necessário, então, apenas saber para onde direcionar a equipe e ter voz de comando. As pessoas eram subservientes, não tinham informação e precisavam do salário como quase única alternativa de sobrevivência.
Com o tempo essa situação foi sendo transformada, aumentaram os níveis hierárquicos intermediários de liderança e “mandar” deixou de ser garantia que o resultado fosse entregue de acordo com o esperado. Mais do que fazer, as pessoas precisavam se comprometer e o líder passou a ter que influenciar as pessoas de formas variadas para que dessem o seu melhor para a empresa.
Indo adiante no tempo histórico, hoje os líderes são também empregados sujeitos a uma liderança que os influencia e os cobra resultados cada vez mais desafiadores. Os líderes, por sua vez, precisam influenciar a equipe para que se comprometam e, motivados, entreguem o que é esperado. Mas não é só isso, precisam entender o significado e o propósito da empresa e do trabalho, alinhar seus objetivos pessoais com os da empresa, tudo em um ambiente onde respeito, colaboração, integridade sejam a base das relações.
O líder precisa cuidar do que fala, da forma como fala, pois existe sempre o perigo de ser mal interpretado e ter uma denúncia pesando no seu dossiê.
Parece, então, que se espera muito mais do líder de hoje do que se esperava há anos atrás.
O líder precisa saber o que é necessário para o colaborador, ou seja, é responsável por fornecer os recursos físicos, emocionais e mentais para que o colaborador tenha todas as condições para a realização do seu trabalho.
Se antes não era questionado, hoje é colocado em xeque, tanto no que diz respeito à sua competência técnica, quanto à humana e conceitual. Ou seja, precisa ser um visionário, mas ao mesmo tempo espera-se que saiba executar, orientar, direcionar, dar feedback, delegar, conectar-se, ter inteligência emocional, interpessoal, intrapessoal e Inter artificial.
E ele ganha para isso? A resposta poderia ser que nenhum dinheiro do mundo paga a responsabilidade do líder que, além de toda pressão com que precisa lidar, tem vidas nas mãos. Isso mesmo!!! Vidas nas mãos!!! Ele pode ajudar as pessoas a acreditarem mais nelas ou pode destruir o sonho de muitos, por um feedback mal dado, por uma atribuição de tarefa mal feita.
Então, voltemos à pergunta. Vale a pena ser líder?
E a resposta é: depende!!!
Sabe de quem?
Depende de você!!!
Ser líder não é apenas ter um cargo de liderança.
Ser líder é uma função que demanda profundo conhecimento e compreensão de todos os meandros da organização, das diferenças individuais, das técnicas e ferramentas de gestão.
Você está disposto a se desenvolver?
Ser líder é para aqueles que sabem que, a partir do momento que assumem essa função, precisam se desenvolver, não só adquirindo informações, mas colocando-as em prática.
Há milhares de cursos de liderança, mas poucos líderes excelentes. Por que? Basicamente porque os cursos apenas passam informações e não acompanham o real desenvolvimento dos líderes.
E também, há quem seja um “estudante profissional”, ou seja, estudam mas não aplicam e continuam estudando, achando que o currículo é quem aplica o que é cursado. Infelizmente não é isso que acontece.
Ser líder depende de 4 aspectos fundamentais:
– Ter um profundo desejo em “ser” líder para fazer a diferença nas empresas e, em especial, na vida das pessoas (clientes e colaboradores);
– Investir fortemente no seu autoconhecimento para identificar forças e fraquezas a serem potencializadas e contornadas no dia-a-dia do trabalho;
– Conhecer todas as teorias, técnicas e metodologias de liderança, através da participação em cursos e mentorias específicas;
– Reconhecer o papel de líder como uma missão de vida, sendo resiliente, e capaz de lidar com muita pressão.
Então, como iniciei essa nossa conversa, tudo que se quer, precisa-se pagar por, ou seja, nada vem de graça. E é o mesmo caso para assumir um cargo de liderança. Maior visibilidade, mas também maior cobrança. Autonomia, mas necessidade de assumir mais riscos. Menos reconhecimento pessoal e mais necessidade de reconhecer os demais. Foco no resultado e nas pessoas e menos nas suas demandas pessoais. Dar mais do que receber.
Para alguns, ser líder é sair da zona de conforto … e é mesmo! É deixar de fazer tudo o que fazia com maestria e aprender algo novo e desafiador. É deixar de apenas ser conduzido para também conduzir.
Vale a pena?
É você quem vai responder!!
O que eu posso dizer é que, quando essa escolha é feita de maneira consciente, grandes líderes surgem para fazer a diferença. Espero que você seja um (a) deles!!
Profa. Dra. Fátima Motta