Desde pequenos lidamos com esse sentimento tão presente: expectativa. Esperamos o domingo, o presente, o Natal, a Páscoa, o aniversário, o(a) amiguinho(a), as notas da escola, entre tantas outras coisas.
Quem não se lembra da gostosa ansiedade que todas essas expectativas geravam quando éramos crianças?
Crescemos e a expectativa continua a nos perseguir impiedosamente, mas há uma diferença: quando éramos crianças usávamos o recurso de esperar que alguém a satisfizesse para nós. Como adultos, damo-nos conta de sermos os atores da nossa própria existência, portanto responsáveis por nossas expectativas.
Boa ou ruim essa descoberta? Para alguns, ótima, para outros, péssima. Ótima, para quem entende que ter uma expectativa é desafiar-se para ir ao seu encontro, fazer a escolha do ônus e do bônus e pagar o preço correspondente. Péssima, para quem prefere colocar nas costas do outro sua vida e responsabilidades, reclamar pelo que acha que tem direito sem se esforçar.
Ter expectativas é sonhar e, tanto em um caso como no outro, dá trabalho, precisa construir a realidade e, acima de tudo, entender que, por vezes, as expectativas estão relacionadas a outras pessoas ou situações, nem sempre previsíveis, muito menos passíveis de serem definidas e determinadas de forma independente e mandatória.
Assim, há que se ter boa dose de flexibilidade para alinhar as expectativas com as pessoas e situações a elas relacionadas. E, alinhar, significa entender qual a expectativa da outra pessoa ou das outras pessoas e estabelecer pontos em comum que possam se tocar e entrelaçar, de forma a tornar viável a expectativa sonhada. Alinhar é, então, colocar na mesma linha, na mesma dimensão, sonhar o mesmo, direcionar esforços na mesma direção.
Na empresa, alinham-se as expectativas com os líderes, diz-se o que se espera e ouve-se o que é esperado e conduz-se a força de trabalho para a direção estabelecida de comum acordo. Em casa, com os companheiros e filhos, outro exercício importante: entender e falar sobre expectativas, para viver e construir o relacionamento na mesma direção. Com amigos, só mesmo um bom alinhamento sustenta a diversidade de sonhos, unidos sempre com o elo forte e verdadeiro da confiança.
Com isso, observa-se que há expectativas viáveis e outras não. Existem expectativas que dependem apenas da pessoa e outras que precisam da participação de outros, mas todas, sem exceção, ainda produzem o mesmo sentimento que tínhamos como criança, a boa ansiedade, o stress produtivo, onde recursos, esforços, pensamentos e emoções para elas dirigem-se, ao mesmo tempo em que uma tênue vibração de felicidade percorre o corpo, como uma excitação pela quase certeza da sua realização.
Assim, expectativas, alinhamento e felicidade fazem parte do mesmo cordão cíclico e que, em movimento, circunda e colore a vida.
Profa. Dra.Fátima Motta