Dezembro de 2014, encontro-me sobrevoando cidades do sul do Brasil, saindo de São Paulo, em direção a Porto Alegre, com o objetivo de conversar com um grupo de jovens gestores sobre o tema: Maturidade Emocional.
Essa conversa levou-me a uma necessária preparação, o que me fez refletir muito sobre o tema.
Em primeiro lugar, dei-me conta do quanto desprezamos a construção de nossa maturidade emocional, acreditando que ela é consequência dá maturidade física.
Pois não é. A maturidade física acontece quer queiramos ou não vamos. Os anos trazem a maturidade das células, dos órgãos, da pele, dos cabelos, enfim, a maturidade não é o envelhecimento, mas a plenitude, a potência máxima que leva a possibilidade de reprodução e continuidade. Ou seja, uma célula madura é aquela capaz de se reproduzir, assim com um ser humano maduro é aquele capaz de gerar outro ser. Essa compreensão adquiri em um Workshop conduzido por Ramy Arany.
No entanto, o fato de maturidade física acontecer de forma natural, talvez nos leve a uma certa acomodação em relação a maturidade emocional, acreditando ser este, consequência daquele.
Mas, então, o que é maturidade emocional? Li e reli muitos casos sobre o tema e entendi que é a capacidade de lidarmos com os problemas, com as frustações de maneira a não extravasarmos para o ambiente, impulsivamente, as emoções tóxicas advindas dos possíveis conhecimentos. Antes, ainda, é ter a capacidade de diminuir expectativas e ilusões em relação a fatos, pessoas e situações, dos quais não se tem controle. Ou seja, é entender e lidar com a vida, com as perdas, com as dores, de forma natural, sem tanto sofrimento, com mais aceitação.
Que não se confunda imaturidade emocional com conformismo. Com a maturidade emocional, não é que se deixa de sentir, mas atua-se de forma, efetiva sobre o sentimento, levando …….. a razão, a inteligência, e a consciência desperta. É muitas vezes saber silenciar, para agir de forma estratégica e com foco na ação a ser trabalhada ou transformada.
É posicionar-se sem o arroubo de um impulso motivado pela raiva ou pela ansiedade, mais pela lucidez construída pelo pensamento educado, onde vários fios se entrecruzam, para tecer a analise clara e elucidativa de uma situação, seja ela qual for.
De ante de todas essas reflexões, percebo quanto é difícil crescer “de verdade”.
Confesso que me deparei comigo mesma e percebi que:
- Como é difícil lidar com ingratidão, deslealdade e lidar com as pessoas (talvez porque se espera mais das pessoas possam dar)
- Como é difícil lidar com perdas (talvez por ainda não acreditar na quietude da vida).
- Como é difícil conter a raiva diante de frustrações (talvez por ainda achar/acreditar que tudo tem que ser do jeito que eu quero).
Então, comecei a construir de forma consciente a maturidade real, aquela que deixa as ilusões de lado, sem perder a alegria e a beleza da vida.
Passei a enxergar a vida com mais leveza e mais tranquilidade, sem ficar presa às expectativas e aos desejos, mas cultivando um jardim interno, semeando dentro de mim apenas aquilo que consigo germinar, gostar, parar. Entendi que ser madura emocionalmente é, definitivamente, fluir com a vida, é lidar com os problemas resolvendo-os quando possível, quebrando amarras, e ……. apegos, e revendo modelos mentais.
Claro que essa construção não é nada fácil. Assim, como estamos no final do ano e início de um novo ciclo, defino meu objetivo para os próximos anos: Construir minha maturidade emocional.
Ou será essa construção também uma ilusão?
Profa. Dra. Fátima Motta