Por que algumas pessoas não gostam de férias?

Como sabemos, cada pessoa tem uma forma de enxergar o mundo, um jeito de perceber todas as coisas.  Essa diferença também está presente na forma como as pessoas se relacionam com o prazer e com a diversão, seja em um simples descanso, seja nas tão sonhadas férias.

 

Há aqueles que precisam fazer, fazer, fazer o tempo todo para que se sintam úteis.  

 

Há outros que precisam se doar em tempo integral para que se sintam valorizados.

 

Há, também, os que precisam fazer as coisas de uma maneira perfeita, pois só assim acreditam ter algum tipo de importância ou sentido o que produzem.

 

Há os que precisam buscar o prazer em tudo que fazem.

 

Alguns, só se sentirão bem se forem os protagonistas, os direcionadores das ações.

 

Há, também, aqueles que se preocupam com o que as outras pessoas querem. Sua vontade não é importante.

 

Ou seja, cada pessoa pode ter uma forma de perceber e interagir com o mundo e, por consequência, com o prazer e o descanso.

 

Vejamos, na prática, como isso funciona.

 

As pessoas que precisam trabalhar o tempo todo, pode ser que não consigam sentir prazer descansando. São pessoas que tendem a se sentir valorizadas apenas quando estão trabalhando e sentem desconforto quando estão sem fazer nada.

 

Outras pessoas (aquelas que gostam de ajudar os outros) se sentem culpadas se fazem alguma coisa só para elas, pois sentem-se pouco úteis. Não conseguem desfrutar do prazer se estiverem sozinhas. Só conseguem se divertir se outras pessoas também estiverem com elas.

 

Podemos também observar a existência de pessoas que só se divertem se elas definem o que vai ser feito e tudo precisa ser feito do seu jeito, da sua forma, sua vontade satisfeita é fundamental para que o prazer aconteça.

 

Há, também, os que sentem prazer ficando sozinhos e isolados em um quarto, pois preferem sua companhia a dos outros e se satisfazem na própria “concha”.

 

Algumas pessoas só se divertem se tiverem a possibilidade de fazer coisas absolutamente diferentes, criativas, às vezes até fora de propósito. Como esses prazeres nem sempre satisfazem a todos, tendem a se sentir pouco compreendidos.

 

Há quem sempre desconfie se vale a pena fazer esta ou aquela atividade que aparentemente pode dar prazer, mas, pelo contrário, pode gerar muito risco. Essas pessoas não se divertem por completo em nada, pois sempre esperam o pior.

 

Muitos têm prazer em tudo, acreditam que a vida é um parque de diversões e que qualquer coisa é motivo para sair da rotina, não importa onde e nem com quem. Quando se valem desta postura de forma indiscriminada, podem ter uma certa tendência à imaturidade e a não sentir medo, aventurando-se até demais.

 

Há os que sempre se questionam depois da tomada a decisão, se deveriam ter feito isto ou aquilo, enfim, acabam por duvidar da importância do prazer.

 

Depois da descrição de todos esses tipos, podemos chegar a uma conclusão: é fundamental entendermos as diferenças de personalidade e, portanto, compreender que nem todos podem usufruir da vida de uma mesma forma, de um mesmo jeito.

 

Existe uma ferramenta que nos ajuda a entender essas diferenças que é o Eneagrama. Essa ferramenta, que é parte de um sistema complexo, fala de uma forma de enxergar a vida que nos ajuda a compreender as formas de pensar e agir de cada ser humano. Muito importante é assimilar que cada pessoa tem uma forma de olhar para o mundo. Tolerância e compaixão são os resultados que temos a partir do contato com as particularidades de cada tipo de personalidade.

 

Vejamos, então:

O Perfeccionista, é o que, para se divertir precisa ir em lugares limpos. Mesmo assim pode criticar e se tornar bastante rígido sobre lugares e formas de aproveitar a vida.

 

O Doador é aquele que precisa dos pais, sobrinhos e das pessoas queridas para sentir que tem prazer na vida.

 

O Desempenhador é o que leva o computador e o celular para a praia, pois precisa mostrar que sempre trabalha e se convencer dessa verdade para ter prazer.

 

O Criativo é a pessoa que sempre quer sentir emoções fortes para valer a pena a diversão. Altos e baixos emocionais fazem suas experiências de diversão, algo também prazeroso e desprazeroso de forma intensa.

 

O Observador prefere ficar no seu quarto para conseguir o grande prazer de estar só na sua caverna, fazendo análises e considerações sobre tudo. Questões intelectuais geram muito prazer.

 

O Epicurista é aquele que se diverte com qualquer coisa, desde uma mesa de bilhar a uma boa conversa. Tudo é motivo para diversão e prazer.  A vida não faz sentido sem prazer.

 

O Patrão sente-se muita feliz quando suas vontades, mandos e desmandos são obedecidos.

 

O Mediador busca felicidade deixando os outros serem felizes e plenos. Sua felicidade é a felicidade dos outros.

 

Assim, os 9 tipos do Eneagrama forma sucintamente descritos em função da forma com que buscam e sentem prazer.

 

Imagino que ao ler cada tipo de personalidade, você deve ter encontrado algumas características dos seus colaboradores, pares, líderes, familiares e, acima de tudo, possivelmente a forma como você lida com momentos de descanso e prazer.

 

Se sim, parabéns, mas, se não, quero enfatizar que o mais importante dessa análise é o reconhecimento dos padrões utilizados, a busca por entendê-los e, se necessário, modificá-los na direção do que se deseja.

 

Profa. Dra. Fátima Motta

 

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