Você é íntimo de você?

Participei de um lindo encontro com pessoas especiais, onde Walter Link (profissional que conduzia esse encontro), falou uma dessas coisas que calam profundo: “Sabemos como desenvolver a tecnologia, mas não sabemos como desenvolver nossos corações e almas”.

 

Nesse momento, discutia-se que a liderança atual precisa sofrer profundas alterações.  Não conseguimos mais conduzir os negócios, as pessoas, da forma como ainda o fazemos. O modelo precisa mudar. Disso, todos sabem. Resta a questão: como, o que fazer, para onde caminhar? Muitas coisas foram feitas “para fora”. Desenvolvemos nosso olhar estratégico, construímos processos e procedimentos de controle, ferramentas de avaliação das mais diversas, mas estamos naufragando dentro de nós mesmos.

 

Sentimentos de euforia misturam-se à depressão; ansiedade, a doença do século ataca cada vez mais pessoas, ainda mais jovens;  medo pela perda do emprego; dúvidas em relação à competência, entre tantos outros questionamentos.

 

Que novo modelo devemos buscar?

 

Eu também me questiono muito sobre isso, mas tenho uma certeza. Para definirmos esse modelo, precisamos exercitar um olhar diferente, de dentro para fora, um olhar verdadeiro sobre nós mesmos, conhecer um pouco mais nossa alma e nosso coração. Às vezes eu sinto que não somos íntimos de nós mesmos, de nossos pensamentos, de nossas emoções, de nossas verdadeiras crenças e saímos desesperadamente em busca de algo externo que nos preencha.

 

E esse movimento, quando feito por líderes, é ainda mais desastroso e os buracos que são abertos e não recapeados, tornam-se verdadeiras areias movediças, sugando a própria energia, além de sobrecarregar o corpo com pesados fardos de horas e horas de trabalho externo.

 

E assim, decisões são tomadas sem que sejam valoradas a partir de valores essenciais e sustentáveis. Muitas vezes,  nem se quer pensar sobre isso. É muito duro e difícil encarar algumas coisas que estão impregnadas no sistema e, como fazemos parte dele, continuamos a olhar para fora e não nos permitimos um vínculo mais profundo com o nosso próprio “ser”.

 

Precisa coragem iniciar um processo de amizade conosco mesmos. Normalmente, isso é feito devagar, como quando se entra no mar e o corpo vai sendo molhado pouco a pouco, até que se consiga mergulhar de cabeça.

 

Eu comecei isso há muitos anos, de várias formas. Uma delas, que me ajudou muito a entender minha atuação como líder foi quando, pela primeira vez, tive contato com a ferramenta do Eneagrama. Foi um divisor de águas.  Entendi porque aceitava algumas coisas e outras não, minhas preferências e antipatias, mas, principalmente, compreendi que as pessoas são diferentes e cada uma enxerga o mundo de uma forma específica.

 

E, como tudo que aprendo, vou buscar mais informações, fiz uma formação mais profunda e, realmente entendi o valor dessa ferramenta para as pessoas. E assim, há mais de 12 anos nasceu um módulo de autoconhecimento que cumpre sua missão de ajudar líderes a colocarem, devagarzinho, seu pé na água.

 

Profa. Dra. Fátima Motta

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